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No último dia 11 de fevereiro, o Núcleo Tia Ciáta do PSOL Carioca que abrange os bairros do Estácio, Catumbi e Rio Comprido, além das comunidades adjacentes, promoveu um CineDebate na praça do Estácio (metrô). Após a exibição em praça pública do filme “A Batalha do Passinho”,  os espectadores e os membros do núcleo debateram o funk e a cultura na favela com representantes do setor como MC Leonardo, fundador da APAFUNK.  Abaixo, segue o relato do companheiro Leonardo da Silva, militante do Tia Ciáta. Fotos: Maria Carolina Abreu.


A cidade parece estar morta!
Longa vida à cidade¹!

Sobre a experiência do Cinema na Praça

Estacio3Vivemos em um período que tem como norte político, a privatização dos espaços e/ou a elitização dos territórios. Nos últimos anos ficou evidente este movimento, sobretudo com o advento dos Megaeventos pela cidade do Rio de Janeiro e em algumas cidades do Brasil. Como consequência, temos o custo de vida cada vez mais elevado, afastando as classes populares de espaços antes frequentados livremente. O período atual também é marcado pela supervaloziração do consumo, “empurrando” as pessoas para os shoppings centers e desta maneira, ajudando no esvaziamento dos espaços públicos.

Baseados nesta reflexão, nós, moradores e moradoras do Estácio realizamos em agosto do ano passado, o encontro territorial do movimento “Se a cidade fosse nossa”. Na reunião que foi sediada na praça do Estácio, pudemos observar o quanto aquele grande espaço poderia ser ocupado com diversas atividades de lazer e cultura. Então com o objetivo de invertermos a lógica do capital pensamos em promover sessões de cinema neste espaço, preferencialmente com filmes ou documentários que gerassem reflexões, debates e enaltecessem a cultura popular.

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Este foi o embrião de um lindo projeto que demos início no último dia 11 de fevereiro de 2017, agora não somente como moradores e moradoras do Estácio, mas também como militantes do Núcleo PSOL Tia Ciata (Núcleo territorial do Partido Socialismo e liberdade que inclui, moradores e moradoras do Rio Comprido, Catumbi e do Estácio).

O Cinema na Praça teve sua estreia com a exibição do documentário “A Batalha do Passinho”, do diretor Emílio Domingos, filme que retrata o dia-a-dia dos dançarinos de um estilo de dança que se tornou um fenômeno cultural no Rio de Janeiro e que teve origem nas favelas da cidade. Trata-se do “Passinho”, que hoje já rompeu barreiras e saiu das favelas contagiando o Brasil e o mundo. Contamos com a presença de cerca de 40 pessoas e com as ilustres participações do MC Leonardo, funkeiro carioca, fundador da Apafunk (Associação dos Profissionais e Amigos do Funk), militante e defensor das causas funkeiras e da cultura popular e o jovem rapper Mc Madruguinha, organizador da Roda Cultural do Rio Comprido.

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No final do filme os Mc’s puderam nos trazer suas reflexões e responderam as perguntas dos que lá estavam. Em suas falas, enalteceram a cultura originária das favelas, a expressão cultural do funk e do rap como forma de protesto e de se colocar no mundo, o que ajudou a tornar o evento fascinante.

E assim vivemos uma noite singular, assistimos um filme, na companhia de amigos e amigas, na rua, na praça! E assim a gente vai protestando, fazendo política e deixando o nosso recado, que os espaços públicos devem ser ocupados, contrariando a lógica do capital que tenta matar a vida da cidade, o Cinema na Praça servirá como manifesto vivo de que a cidade ainda vive! Então viva à praça! Viva à cultura popular! Viva o Rap! Viva o funk! Longa à vida a cidade!

Leonardo L. C. F. da Silva
Militante do Núcleo PSOL Tia Ciata, Estudante de Ciências Sociais na UERJ e morador da Comunidade do São Carlos

¹Expressão parafraseada de “Cidades Rebeldes”, obra de David Harvey