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Por Chico Alencar

Mediocridade, mentira, miséria intelectual. Difícil enumerar as falsidades que Bolsonaro pronunciou em sua fala na assembleia da ONU, para vergonha do país. O homem não parece ter percebido que a Guerra Fria acabou. Destaco alguns de seus absurdos:

1) Salvou o Brasil, “que estava à beira do socialismo” (?!?!)

2) Negou problemas na Amazônia, “que está praticamente intocada”. Não falou de qq medida concreta contra o desmatamento, pois só existem “queimadas espontâneas, e algumas criminosas, feitas pelos próprios índios e população local”. Tudo não passa de “mentira da mídia sensacionalista nacional e internacional”;

3) Condenou a perseguição religiosa “a pastores, cristãos e outros”, omitindo os graves e crescentes ataques no Brasil à religiões de matriz africana;

4) Tentou jogar os povos indígenas uns contra os outros, dizendo que “acabou o monopólio do cacique Raoni, usado por estrangeiros”, e lendo documento de uns certos “agricultores indígenas”;

5) Exortou a exploração das riquezas minerais em áreas demarcadas e preservadas, afirmando (com ignorância antropológica inédita na ONU), que “índio não pode ser latifundiário pobre em terra rica”;

6) Afirmou que os médicos do Mais Médicos eram “agentes para implantar aqui a ditadura cubana”;

7) Disse que seu governo está reduzindo a violência e respeitando os direitos humanos, citando “expulsão de terroristas” e processos contra “antecessores socialistas”, mas omitindo a terrível letalidade – inclusive de crianças – que nos atinge;

8) Reafirmou seu “combate à corrupção”, esquecendo de milícias, Queiroz, laranjas do PSL, nepotismo e que tais;

9) Atribuiu a si acordos comerciais – como Mercosul-UE – que foram gestados longamente por governos anteriores;

10) Elogiou nominalmente dois governantes: Trump e Macri, e um governo, Israel . Todos envolvidos em sérias crises e grande baixa de popularidade…

Sobre desigualdade social, novas matrizes energéticas, contenção do armamentismo, ordem tributária mais justa, crise urbana das megacidades, deficiências na educação e na saúde, negociação e paz internacional… NADA! O “mundo” dele não comporta essas graves questões. Vergonha!