(por Chico Alencar – publicado no Facebook em 10/02/2021)
Não será fácil mas é um desafio a ser enfrentado. É urgente, da hora. Proponho alguns passos:
1) Formação de uma Mesa de Diálogo permanente, reunindo partidos do campo da esquerda (todos os que se definam com esse viés) e movimentos sociais – vinculados ou não às indispensáveis Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular;
2) Nesse fórum, articular as lutas comuns do momento, pelo #ImpeachmentBolsonaroJá, por #VacinaParaTodaseTodosJá e #auxílioemergencial combinado com renda básica cidadã, contra os ataques às políticas públicas de educação e cultura, cortes na pesquisa e Ciência, desmonte do SUS, “terraplanismo” internacional (agora órfão de Trump), privatismo máximo (vide “autonomia” do BC) e demais medidas do neofascismo bolsonarista;
3) Iniciar um debate sobre um programa para o Brasil, a partir do acumulado por cada partido e movimento, em torno de cinco grandes eixos: papel do Estado; medidas concretas de redução da nossa maior chaga, a desigualdade social; modelo econômico distributivista, com justiça social e cuidado ambiental; combinação de democracia representativa com democracia direta; relações internacionais pró-ativas, com defesa da soberania nacional, sem isolacionismo.
4) Mesmo sendo legítimo que cada partido apresente nomes que considerem viáveis para encarnar um projeto comum, eles não podem ser empecilhos ao debate franco, nem cristalizados como irreversíveis (falta ano e meio para o início da disputa eleitoral 2022). É preciso combater a má tradição política brasileira – inclusive na esquerda – do hegemonismo e do personalismo;
5) Com a história na mão, inspirar-se em experiências como as da Unidade Popular no Chile e da Frente Ampla no Uruguai. Ainda que em realidades bem diferentes da nossa, lembre-se, elas construíram exitosa (e golpeada, no caso do Chile) unidade na diversidade (abordarei isso em artigo que estou concluindo, parceria com o sociólogo Leo Lince).
Quanto mais densas as trevas, mais premente buscar a luz. Vamos juntos!