O Brasil tem vivido nas últimas semanas o pior momento da crise sanitária decorrente da COVID-19. Esse agravamento é resultado direto da estratégia deliberada da ampla disseminação do vírus aplicada por diferentes esferas de governo, em particular, do presidente da república.

No Rio de Janeiro, a situação é agravada pela profunda crise econômica e social em que o estado já se encontrava antes mesmo da pandemia. O fim do ciclo dos mega-eventos, marcado por violações de direitos humanos, a queda no preço do barril de petróleo e impacto da Operação Lava-Jato sobre a indústria petroquímica, a falta de política econômica e os interesses escusos presentes na concessão de benefícios fiscais dos governos MDB levaram o Rio de Janeiro a uma profunda crise de emprego e dependência de programas de resgate econômico federal.

Os governos Witzel e Claudio Castro não representaram nenhuma ruptura com Cabral e Pezão, pelo contrário, aprofundaram a lógica privatista e de sucateamento dos serviços públicos, que podemos ver por exemplo na gestão da CEDAE. Além disso, seu discurso de “tiro na cabecinha” e as mudanças de funcionamento das forças de segurança decorrentes do fim da Secretaria de Segurança Pública e na autonomia dos batalhões permitiram um crescimento sem precedentes das milícias em todo o estado do Rio de Janeiro.

No Estado também nos encontramos no pior momento da pandemia. A quase totalidade do nosso território se encontra em bandeira roxa ou vermelha. As taxas de ocupação do sistema público e privado de Saúde já tiveram seus limites estourados em alguns municípios e em outros está perto de 100%. E mesmo nessa situação, os prefeitos Eduardo Paes/Rio (DEM), Axel Grael/Niterói (PDT), Renato Cozzolino/Magé (Progressistas) e Washington Reis/Caxias (MDB) estão forçando a reabertura das escolas, o que fez com que nossas bancadas entrassem com ações na justiça em defesa da vida dos profissionais da educação, dos estudantes e suas famílias. Além disso, na capital, Paes tenta emplacar mais uma Reforma da Previdência que aumenta a taxação sobre os servidores municipais, achatando ainda mais seus salários.

A reversão da situação de colapso de nosso estado só se dará com ações em diversos níveis e que partam da garantia de direitos para a população. É necessário um amplo processo de mobilização que coloque em pauta a ampliação e pagamento do auxílio emergencial aprovado no estado e nos municípios, viabilizando políticas de isolamento social, a adesão do estado a consórcios para compra de vacinas, a auditoria das dívidas do estado com a União e bancos públicos, com a paralisação da privatização da CEDAE, a ampliação de leitos de UTI’s a partir das vagas ociosas da rede federal, a ampliação da rede de atenção básica de saúde com a retomada da testagem em massa, a paralisação das operações policiais como maneira de garantir o isolamento social seguro nas favelas e periferias, a retomada de políticas de geração de emprego e apoio às pequenas empresas com garantia de manutenção de emprego e renda, a redução das tarifas de transporte público com ampliação das frota, a garantia de acesso a educação na modalidade remota.

O PSOL seguirá também, através de sua militância e lideranças, na luta pelo impeachment, engavetado tanto por Maia quanto por Lira, e em todas as mobilizações sociais que surgirem contra Bolsonaro, Cláudio Castro e demais governantes que implementem medidas anti-povo, apoiando as diferentes iniciativas de resistência, nas ações de solidariedade, nas greves, na luta contra o desemprego, em defesa das condições de trabalho para os profissionais essenciais, na luta pela terra e contra as remoções.

Acreditamos que nenhum debate eleitoral pode ser antecipado senão em bases programáticas sólidas e unidade prática no enfrentamento da crise presente e dos ataques promovidos pela velha direita liberal e o projeto bolsonarista. O PSOL iniciará diálogos com o objetivo de estabelecer uma mesa de construção de unidade entre os partidos que se encontram hoje na oposição de esquerda aos governos Bolsonaro e Cláudio Castro de modo a construir uma ação unificada hoje para o enfrentamento da crise e debater pontos programáticos comuns. Só um programa de caráter popular e de ruptura com a agenda neoliberal pode nos tirar da crise.

PSOL RIO DE JANEIRO
07/04/2021